O guarda-cabeça

"O sétimo dia após o nascimento de uma criança é festejado com grande entusiasmo- e comida e música a rodos. O seu ponto alto é à meia-noite, quando os adultos se reúnem à volta da criança, entoando cânticos para espantar as bruxas."

Retrato

O café MIndelo

Um desenho do João (arquitecto), muito bacano!

Ilhéu Raso

Preparamo-nos neste momento para enfrentar o Ilheu Raso.
Miguel Lecoq da spea (sociedade portuguesa para o estudo de aves) é o investigador de aves marinhas que está á frente deste projecto.
A biosfera, na pessoa do Zé Melo, está a suportar as despesas do projecto. Em principio embarcamos segunda-feira se o mar nos deixar e vamos ficar lá por 3 semanas. Eu julgo que não aguento tanto tempo e devo regressar com o Nuno e o Jorge que nos vão lá visitar.
O objectivo é fazer um censo das aves marinhas. Vamos encontrar cagarras, calhandras, rabo de junco, alcatraz pardo, João Preto, pedreiro e pedreirinho. Também acho que vamos dar uma olhadela em algumas osgas...
De resto o Ilhéu Raso não tem nada, é só pedra e mar. Não vai ser fácil trabalhar lá, rede de telemóvel por sorte existe num ponto da ilha e demora 1hora a lá chegar. A ilha é pequenina tem só 7 metros quadrados mas tem muitas falésias.
Para além de nós ainda vão mais uns voluntários da biosfera. Dormir, comer e higiene pessoal é tudo ao relento, ehhehehe

Portas de Cabo-Verde

Santo Antão

Depois de Santa Luzia, respiramos e voltamos a embarcar noutra aventura, Santo Antão!

Desta vez com menos um elemento.. A cristy! Não pode ir porque tinha já decidido ir para a Ilha de Santiago com o Adriano para se inteirar em outros projectos. Porém o João, nosso amigo português, a trabalhar cá num atelier de arquitectura pelo Inove Mundos, foi na mesma altura que nós.
O nosso objectivo era basicamente conhecer a ilha e ver a festa do Santo Antonio.
Ás 7:30 AM apanhamos o ARMAS (barco que faz a travessia) e a Azafama era grande, a viagem durou sensivelmente 45minutos.
Quando chegamos ao Porto Novo a confusão estava instalada, havia pessoas por todo o lado, Hiaces, estivadores, mercadorias, tudo a correr e a falar.
Colocamos as malas numa Hiace e fomos para outra com o indispensável para borda da cova, subimos um pequeno monte e preparamonos para descer o Vale do Paúl.
Já vi coisas muito grandiosas mas aquela paisagem que encontrei é indiscritivel...

No topo desse monte estamos acima das nuvens, estávamos no céu!
Descemos com um casal de turistas franceses que encontramos pelo caminhos até a ribeira grande, sempre com paragens esta travessias demorou 4horas... Arrebentamos os gémeos todos...
A descer todos os Santos ajudam mas há o corpo para sustentar e não é assim tão fácil, mas a paisagem era maravilhosa, parecia o Vietname, tudo verde, ouvíamos água a cair, e fumos brancos (produção de Grogue) em vários pontos.

Chegamos por fim á passagem, onde estava o nha Om ( condutor de Hiaces, produtor de grogue e amigo do Jorge) com as nossas coisas.
A mulher dele, querida Vera cozinhou para nós durante a estadia (3 dias).
Santo Antão é mesmo diferente, parecia que estamos num vale encantado, tudo era verde, havia uma calmaria enorme, o clima era muito abafado e húmido e a vida era mais simples. Conhecemos algumas pessoas amigas do Jorge, um Parentises só, o Jorge conhece tudo e toda a gente é um excelente guia!
Nunca tinha comido tanta manga e papaia como em Santo Antão, o pessoal de lá dá uma varada na mangueira pronto caiem meia dúzia de mangas. Papaias do tamanho de abóboras, bananas há pelo menos 3 espécies. Grogue e ponche de mel há em todo o lado em grande quantidade.

Visitamos a “fábrica” de grogue do Nha ôm e do seu pai, o procedimento do grogue é complexo mas posso explicar se quiserem...
Antigamente o trapixe era feito manualmente, actualmente existem máquinas vindas do Brasil que fazem o trapixe com menor esforço.
Muitos agricultores não possuem a maquina então fazem a trituração da cana em casa de outras pessoas dando um dizimo da sua colheita. Chegamos nesse momento, estavam a preparar a cana do açúcar para trapixar. Toda a gente transportava cana Homens, Mulheres e crianças com grande rapidez...

Dos vários manjares que a Vera nos fez, saliento um, cozinhado em panela na lenha....
Depois de tudo cozido ela colocou todos os ingredientes numa mesa por cima de folha de bananeira, havia carne de porco, peixe, ilhame, fruta pão, batata, mandioca, arroz, banana verde, etc....
Basicamente fomos bem tratados, comi imenso, ao pequeno almoço era logo caxupa!
As festas de Santo António foram divertidas, havia barracas com comida e bebida com mesas debaixo de uma ponte, discotecas improvisadas etc... Encontramos a Nani que estava a trabalhar na barraca da tia, grande festa!!

De dia houve corrida de cavalos....
Viemos carregadissimos de oferendas dos lavradores....
Adoro Santo Antão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Santa Luzia

Santa Luzia é uma reserva natural integral (Decreto-lei 40/2003) porém decidimos ir conhecer este pedacinho de terra.

Uma experiência sensacional...
Levantamos ás 6AM no Calhau, tomamos o café da manha, e preparamo-nos para a viagem para Sta Luzia.
Eramos um grupo de 8, nós os 5, o Jorge, o nosso amigo Nuno e um Investigador de malacologia chamado Camané.
Fomos para junto dos pescadores, colocamos o bote do Nuno na água embarcamos e gás á tabua para Sta Luzia!!
A viagem foi arrojada porque bote saltava muito e pouco faltava para alguém saltar fora ehehehe.
A acompanharem-nos estavam uns peixes voadores, que saltavam de água e planavam dezenas de metros.
Rodeando a ilha, a ondulação sul era muito forte portanto abrandamos antes da formação das ondas, saltamos e nadamos até á praia. Adorei a sensação de chegar a nado a uma ilha deserta parecia que estavamos no LOST.
Para o Camané, foi impossível ver algo de baixo de agua porque o mar estava muito agitado.
Na ilha, passeamos, pedimos alguns desejos á Santa Luzia, encontramos acampamentos de pescadores, analisamos a vegetação da ilha, almoçamos deixamos tudo como estava e voltamos a embarcar...
O estatuto da ilha está a ser repensado...
Espero que gostem das imagens!

Aproveitei para fazer umas fotos mais artísticas...

O Nuno

o bote

Mo' Kalamity

Reggue Cabo verdiano, muito bom, aconcelho a ouvir. Fomos ao concerto no Hotel mindelo e o pessoal todo estava louco, foi util para ver como será no festival Baia das Gatas aiiiiiiiiiiii...

Aldeia SOS

Fomos visitar a aldeia SOS aqui na periferia de Mindelo, para conhecer e sondar a possibilidade de podermos ajudar em algo...
Mas o que é isto da Aldeia SOS?
O conceito é este...
Em 1949, o Dr. Hermann Gmeiner, médico austríaco, orfão de mãe desde muito pequeno, constatando o elevado número de crianças orfãs, sobretudo vítimas da 2ª Guerra Mundial, criou em Imst (Tirol, Áustria) a primeira Aldeia de Crianças SOS. A ideia rapidamente se espalhou por todo o mundo, por forma que as Aldeias de Crianças SOS são hoje várias centenas, em mais de 132 países, e são consideradas a forma ideal de solucionar o problema das crianças desprotegidas, pois respeita os mais elementares e naturais princípios pedagógicos e da convivência familiar e social exigíveis no inicio da vida e durante o período fundamental da educação humana.
A aldeia está muito bem estruturada, com boas infraestruturas, porém são mais de 100 as crianças que todos os dias o staff tem de lidar.
Há uma falta de pessoal e o voluntariado pode ser uma ajuda preciosa. Parece que vamos trabalhar brevemente...

Sandy beach

O Nuno, nosso amigo cá, levou-nos na hora de almoço á tão famosa Sandy Beach, havia ondulação sul e as ondas estavam boas. Ele ganhou o campionato de bodyboard ( Open de Sandy Beach) no ano passado e este ano vai defender o titulo.
A praia é linda mas o vento e as ondas são de loucos...

Monte Verde

Combinamos com os professores das várias escolas para conhecermos o monte verde, e assim foi.

A subida foi dura, 1hora e 45 minutos de subida, mas a paisagem é espantosa, lá de cima era visível quase ver toda a ilha. A temperatura é mais baixo lá no alto, almoçamos lá e depois ficamos a descansar um pouco... Resultado: Escaldão na cara de toda a gente LOLOLOOL

Dia do ambiente- festa nas escolas

Planeamos festejar este dia envolvendo as 3 escolas do Vale do Calhau, em cada escola havia 3 actividades diferentes, a pintura de um moral, actividades de reciclagem e o jogo da glória. No final em cada escola foram plantadas árvores e comemos Caxupa!!!!

"OHHHHHHhhhhhhh Koodjack!!!!!!!!"

Este é uma peça de extrema importância neste nosso acolhimento.

O Koodjack ou como nos foi apresentado no inicio, o comissário politico do Jorge.

È nosso vizinho e como diz o Angolano “estamos juntos”.. Se for preciso um elefante, ele arranja!

Tem feito uns biscates que nos ajudam imenso, pequenas coisas mas que ao todo são uma grade ajuda!

Obrigado Koodjack!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Dia da criança...

Hoje foi um dia longo.

Levantamos de manha encontramos com o Jorge e a Nélida aqui em casa e saímos á pressa para ir para as escolas do Madeiral, Chãzinha e Ribeira do Calhau.

Era dia 1 de Junho e estava planeado uma entrega de prendas aos miúdos das 3 escolas com o Presidente da junta de freguesia de ..., Joaquim ........

O Sr. Presidente veio acompanhado da mulher, também presentes na cerimonia estavam os professores, nós, o gestor escolar, a delegada escolar e a cônsul de Portugal.

Devo ser honesto, fiquei a sentir-me mesmo estranho mal comecei a perceber o que se estava a acontecer á minha volta...

A expectativa era grande, os miúdos estavam super contentes, muito bem penteados, bem vestidos, super lindos mesmo, havia até meninas a usarem vestidos antigos talvez de uma comunhão não sei...

A primeira escola foi a do Madeiral, os professores estavam nervosos...

Estavam como se a receber pessoas em casa e não paravam quietos apercebi-me que aquilo era importante para eles.

As crianças cantaram uma musica para os ilustres convidados e lá dentro estava uma mesa cheia de bolinhos, queijos e coisas com um aspecto delicioso!!! O Madeiral é uma aldeia e há muitas cabritas, logo há muitas moscas, achei curioso 3 mulheres estarem junto a mesa a abanarem sacos para as moscas não pousarem na comida.

A cerimonia foi breve, um discurso do Presidente, um do Jorge e um da delegada escolar.
O que foi oferecido foi uma bolsa com um estojo com lápis dentro a cada criança e uns chupa-chupas. Os putos estavam mesmo radiantes. Fizeram com ajuda dos professores flores de papel que nos deram a nós... A mulher do senhor presidente estava emocionada, beijava as crianças, perguntava como tinham aqueles cabelos todos trançados de todas as formas e feitios, queria ajudar a colocar as bolsas ás cinturas das crianças...
 20 minutos passados arrancamos para outra escola e assim sucessivamente. Não houve tempo nem para petiscar.

Olhei para a Cristina e a Susana vi bem que estavam a passar tão mal quanto eu. Que palhaçada....
Almeirim tem sem duvida ajudado o vale do Calhau, esta cooperação dura á 5 anos e todos os anos mais ou menos pessoas tem vindo nesta data visitar as escolas. Durante este tempo material tem sido enviado, como por exemplo alguns computadores que estão parados porque não estão a funcionar, material de jardinagem etc..
O Senhor presidente tinha chegado há 2 dias atrás e partirá na sexta feira. Sou livre para dizer o que quiser e livre para ler o que me quiserem dizer mas para mim... Isto é falso.
È falso e é dada tanta importância, tanta expectativa, tanta humildade que nem sempre é merecida.
Eu lembro-me de na 4ª classe receber no dia mundial da criança um estojo espetacular e mais um material dado pela efacec. Adorei aquilo, soube mesmo bem receber aquele presente. Não condeno essa atitude de darem a estes miúdos aquelas bolsas que na minha opinião eram pobres.
O que me apercebo é de uma fragilidade sim deste povo, que tenho a certeza que irá ser colmatada porque há pessoas pensantes criativas e cheias de energia. Mas esta exaltação dos políticos não me cabe na goela. Quando observava aquele espetaculo de os professores a mandarem as crianças fazer coisas e a Crew portuguesa a ter o prazer de DAR, pensei logo nas conversas que a mulher do presidente iria ter com as amigas... “ai foi tão engraçado... coitadinhos”
Vejamos, 5 dias passados em Cabo-verde, ficar no melhor hotel do Mindelo e passar uns fretes a distribuir presentes e ouvir uns meninos a cantarolar.... Fica em conta!
Critiquei. O que gostaria que acontecesse?
Menos paninhos quentes e palmadas nas costas e discursos de glorificação e mais acção e menos promessa tão cliché da esfera politica.
Uma promessa de ajuda á seria como a electrificação das escolas já era de Homem.
Ninguém é obrigado a ajudar mas quanto se chega a Portugal e se fazem relatórios e se justificam verbas grandes e se dão entrevistas e se dão discursos é bom ter a segurança na voz e é bom ter a convicção que realmente se ajudou.

O nosso papel nesta arte cerimonial, não foi nenhuma, mas foi super valioso apenas ficar a olhar....

O dia continuou, á tarde todas as pessoas mobilizavam-se para ir par a á final dos pequenos cantores e bailarinos das escolas de S.Vicente!
O Polidesportivo estava cheio com centenas de pessoas bem vestidas, e a musica não parou!!